quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Inovação - por Schumpeter

A importância da inovação tem sido ressaltada por um sem-número de autores, dois dos quais merecem menção especial: Joseph Schumpeter, que se não foi o primeiro economista a falar sobre inovação, foi certamente quem mais destacou a sua importância e a contribuição para o desenvolvimento econômico; e Peter Drucker, que tratou - e continua tratando - do tema ao logo de toda a sua obra.

A partir da década de 1970, o tema inovação passou atrair um número sempre crescente de pesquisadores acadêmicos, que muito contribuíram para a compreensão dos mecanismos e circunstâncias em que se processam as inovações.

Na última década do século XX a inovação passou a ser reconhecida como um fator essencial para a competitividade e foi incluída na agenda estratégica de muitas organizações. Esse é o caminho que vamos percorrer nas próximas linhas.

SHUMPETER

Inovação e Desenvolvimento Econômico
Fazendo um retrospecto das teorias de Schumpeter sobre inovaçãom podemos ver o quanto são atuais muitas de suas idéias. Note-se que não se pretende aqui fazer uma análise da obra ou da teoria econômica schumpeteriana, mas apenas destacar alguns conceitos que são utéis para o entendimento das inovações e de sua importância.

Desenvolvimento
Schumpeter entende por desenvolvimento "apenas as mudanças da vida econômica que não lhe forem impostas de fora, mas que surjam de dentro, por sua própria iniciativa". O processo de desenvolvimento, portanto, não se confunde com "o mero crescimento da economia, demonstrado pelo crescimento da população e da riqueza". O desenvolvimento, no sentido adotado por Schumpeter, "é um fenômeno distinto, (...) uma pertubação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente".

Inovação
Essas mudanças - as "inovações" no sistema econômico - "são via de regra introduzidas pelos produtores, os quais, se necessário, "educam" os consumidores, que são, por assim dizer, ensinados a querer coisas novas ou coisas que diferem em um ou outro aspecto daquelas que tinham o hábito de usar. Esse conceito engloba os cinco casos seguintes:
1. introdução de um novo bem, ou de uma nova qualidade de um bem;
2. introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação, que de modo algum precisa ser baseada numa descoberta cientificamente nova, e pode consistir também em nova maneira de manejar comercialmente uma mercadoria;
3. abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o ramo particular de indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entradom, quer esse mercado tenha existido antes ou não;
4. conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados, mais uma vez, independemente do fato de que essa fonte já existia ou teve que ser criada;
5. estabelecimento de uma nova organização para o negócio, como a introdução das lojas de departamento".
Inovação x Invenção
Schumpeter enfatiza que inovação não é sinômino de invenção. "É inteiramente imaterial se uma inovação provém de uma invenção ou não. Inovação é possível sem nada que possamos identificar como uma invenção, e uma invenção não necessariamente induz uma inovação; a invenção por si só não produz nenhum efeito economicamente relevante. (...) Mesmo quando a inovação resulta de uma invenção, que tanto pode ter acontecido autonomamente como em resposta a uma dada situação de negócio, as duas ações são, econômica e sociologicamente, duas coisas inteiramente diferentes, mesmo quando por acaso são executados pela mesma pessoa. As atitudes pessoais e os processos sociais que produzem invenções e inovações pertencem a diferentes esferas, e as relações entre ambas são muito mais complexas do que pode parecer à primeira vista".

Bibliografia:
Organizações Inovadoras, de José Carlos Barbieri

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